stay calm little, everything be alright
- Vem filha, você vai se atrasar.
- To indo pai - gritei do meu quarto para meu pai que tava na sala me esperando para me levar pra escola. Peguei minha mochila, sai do quarto, passei rapido pela cozinha e dei um beijo na minha mãe e sai com meu pai.No carro...
- Ana, hoje quando você chegar da escola eu e sua mãe precisamos conversar com você.
- Credo pai, que foi? Não fiz nada.
- Não filha, relaxa, não foi nada que você fez. É coisa boba, não precisa ficar preocupada.
- Ah, tudo bem então.
Me despedi do meu pai, sai do carro e entrei no colégio.
[...]
Cheguei em casa, meu pai tava na sala vendo tv e minha mãe tava colocando o almoço na mesa.- Vou tomar um banho e ja volto pra agente almoçar, teve educação fisica hoje e to morta. - Eu disse indo pro banheiro rindo.
Terminei meu banho, vesti uma roupa simples e fui pra sala de jantar onde minha mãe e meu pai ja estavam sentados na mesa me esperando pra almoçar.
Como eu estava morrendo de fome fui logo enchendo meu prato de macarrão e carne, o que fez meus pais rirem.
Começamos a comer etal, papo vai papo vem, meu pai começou a falar de uma tal viagem que ele ia precisar fazer.
- Então Ana, vai durar umas 3 semanas mais ou menos, é coisa de trabalho e nao da pra adiar, você nao vai ficar chateada de eu nao passar seu aniversario com vc nao né? - A tal viagem a trabalho do meu pai seria daqui a 2 semanas, e meu aniversario é daqui a 3 semanas, vou fazer 17 anos. E daqui 1 semana é férias, finalmente.
- Não pai, tudo bem, eu entendo. Vai ter vários outros aniversarios que agente pode passar juntos. - Disse sorrindo parecendo empolgada. - Bom que você traz mais presentes de fora pra mim. - Disse e todos riram.
[...]
Hoje meu pai viaja, como estou de férias não precisei acordar cedo pra ir pra escola, acordei só na hora de ir me despedir dele.- Pai, boa viagem e volte logo. - Disse o abraçando e sentindo um beijo no pé da minha cabeça.
- Volto sim filha, não vou demorar, prometo. E me perdoa pelo seu aniversário. - Disse me abraçando apertado.
- Tudo bem pai, ainda vamos passar muitos aniversários juntos. - Disse me desfazendo do abraço e sorrindo.
Ele se despediu da minha mãe e entrou no taxi indo para o aeroporto.
Vou confessar uma coisa pra vocês, eu adorava quando meu pai viajava, porque eu tipo ficava mais livre, minha mãe me liberava pra muita coisa que meu pai nao deixava. Por exemplo chegar mais tarde em casa, ou dormir na cama das minhas amigas com garotos e pá. Minha mãe tinha mais confiança em mim, já meu pai sempre achava que eu chegaria grávida em casa, enfim.
Assim que meu pai saiu, fui para meu quarto e voltei a dormir.
[...]
Acordei por volta das 14h e minha mãe tava na sala vendo tv.
- Oi mãe. - Disse me sentando no lado dela no sofá.
- Eai dorminhoca. O almoço ta no microondas, esquenta lá e come.
- Tá. - Me levantei, fui até a cozinha e pus 1 minuto no microondas pra esquentar meu almoço, fui ate a porta da cozinha e me escorei. - O papai ja deu sinal de vida? Se chegou bem e tal?
- Ainda não Ana. - Nesse instante o telefone tocou. - Ó, deve ser ele. - Minha mãe levantou e foi de encontro ao telefone, nesse momento o microondas apitou, indicando que meu almoço ja havia esquentado.
Peguei meu prato e fui pra sala, me sentei no sofá e fiquei ouvindo minha mãe no telefone.
Ela falava poucas palavras como “hm, uhum, tá..” por um instante não ouvi nenhuma palavra sair de sua boca, a olhei e ela estava pálida e com lágrimas nos olhos, levantei do sofá e fui até ela.
- Mãe, o que aconteceu? Porque está chorando? Mãe me fala... – Ela não pronunciou nenhuma palavra, apenas deixou o telefone cair no chão e caiu de joelhos junto a ele, com as mãos no rosto e soluçando de tanto chorar.
- Mãe, me fala pelo amor de Deus, me fala! Mããããe – Me abaixei junto a ela e senti meus olhos encherem de lágrimas. E a única coisa que saiu de seus lábios foi:
- Seu pai... – Ela começou a chorar mais e mais, e eu já havia uma ideia do que está acontecendo. Senti lágrimas rolarem pelo meu rosto, e eu gritava.
- Não, não pode ser, não, me fala que é mentira mãe, não isso não pode estar acontecendo, não, por favor. – Minha mãe me abraçou apertado, e ali ficamos chorando, juntas. Depois de ficarmos calmas, minha mãe me explicou que o avião que meu viajou, havia caído. Achei estranho pois geralmente os jornais anunciam quedas de avião, mais nem liguei, não tava com cabeça pra pensar naquele momento. Eu havia perdido meu pai e isso era a pior coisa do mundo. Eu estava com vontade de entrar em um buraco , cair em um abismo profundo e ali permanecer para sempre. Mas não, minha mãe precisava de mim mais que tudo naquele momento, e eu também precisava dela. Agora era só eu e ela no mundo, tendo que aturar tudo juntas.
